História recente dos Ursos Polares
O que tem acontecido com os ursos polares nas últimas décadas
Atualidades sobre o Urso Polar
Os ursos polares há muito chamaram a atenção do público em geral, mas provavelmente nunca no passado estiveram em primeiro plano na imaginação do público como estão hoje. O aumento do interesse pelos ursos polares pode ser devido, em parte, à melhor compreensão da ecologia dos ursos polares, seu ambiente e aumento do interesse sobre as questões do Ártico que emergiram devido às preocupações com as mudanças climáticas. Os resultados de anos de pesquisas e estudos estão agora disponíveis para o público interessado, e os esforços para passar essas informações para o público tornaram-se mais eficazes nos últimos anos do que eram no passado. Como resultado disso, o público atual geralmente está bem informado e educado com relação à ecologia dos ursos polares. Esse público, ao contrário dos anteriores, possui uma quantidade de ferramentas de comunicação que permitem a eles interagir e comunicar-se mais com maior eficácia com pesquisadores e gestores.
Distribuição dos ursos polares
O que já aprendemos? Agora sabemos que os ursos polares não são uma única grande população homogênea que anda pelo Ártico. Em lugar disso, grupos de ursos polares chamados de grupos ou populações, estão distribuídos pelo Ártico. As pesquisas começaram no final dos anos 60, e continuam hoje também compondo um completo pano de fundo de informações acerca de dados demográficos das populações, dados analisados sistematicamente sobre as fronteiras das populações, parâmetros sobre sobrevivência e reprodução e outras informações úteis sobre aspectos biológicos, fisiológicos e ecológicos dos ursos polares.
Também percebemos que os ursos polares não existem em grandes números; sua capacidade de substituir indivíduos na população é muito limitada e o crescimento da população é extremamente vagaroso; eles são criaturas de vida longa, o que ajuda a contrabalançar o baixo potencial reprodutivo; suas populações flutuam em resposta à fatores naturais tais como clima e disponibilidade de presas; e as populações também podem sofrer o impacto humanos em fatores tais como caça, vazamentos de óleo, transportes e outras atividades. Também percebemos que o nível de presença e atividade humana no Ártico continua a crescer. Como resultado disso, o potencial do impacto provocado por seres humanos nos ursos polares nunca foi maior do que é hoje.
Tecnologicamente, os pesquisadores foram abençoados nos últimos 30 anos. Avanços, como a telemetria por satélite, permitiram que os pesquisadores seguissem ursos específicos por algum tempo e aumentaram muito nossos conhecimentos sobre a mobilidade e os limites territoriais das populações. Equipamentos com sensores térmicos infravermelhos estão prometendo colaborar para detectar as tocas de ursos polares abaixo da neve. Extensas séries de dados, agora disponíveis para algumas populações, documentam tendências que anteriormente não estavam à mostra. Melhoramentos em aeronaves e veículos de transporte possibilitaram o acesso a uma maior quantidade de territórios de ursos polares do que antes era possível. Finalmente, os avanços tecnológicos possibilitaram a pesquisa multidisciplinar do Ártico, que é, em muitos casos, apoiada pelos quebra-gelos de classe polar. Todos esses avanços além de melhor compreensão da dinâmica e modelagem das populações permitem agora maior exatidão na tomada de decisões de administração e melhor entendimento dos riscos e conseqüências das medidas administrativas tomadas.
No passado, o que favorecia e poupava as populações de ursos polares era o fato de que seu habitat era relativamente intocado e estava protegido de alterações. Na realidade, uma grande parte do alto ártico estava livre de presença humana. Uma vez que naquela época a maior preocupação com as populações de ursos polares estava voltada à colheita e ao desenvolvimento humano que estava ocorrendo nas bordas do território dos ursos polares.
Mudanças na extensão do gelo marítimo nos últimos 25 anos
Os ursos polares e suas presas evoluíram de forma a viver nas condições extremas do Ártico. Os ursos polares e focas dependem do gelo marinho para se alimentar, descansar e reproduzir. O eco-sistema do Ártico foi moldado pelo clima e continua a ser atualmente por ele modificado. Os ursos polares e focas do gelo, em especial focas aneladas, servem como principais indicadores do efeito das mudanças climáticas no ambiente do Ártico. Hoje as populações de ursos polares estão enfrentando ameaças sem precedentes na história registrada do Ártico. Os cenários de mudanças climáticas com base na modelagem de dados de tendência climáticas predizem que a região Ártica irá enfrentar mudanças radicais nas próximas décadas. Na parte mais drástica do modelo do Espectro 1 está previsto que a bacia do Ártico poderá degelar dentro de 50 anos.
Enquanto os efeitos finais e progressivos da mudança climática nas populações de ursos polares são incertos, não reconhecemos pequenas mudanças climáticas que provavelmente podem ter efeito profundo sobre os ursos polares. O que vem a seguir foi tirado do site da IUCN/Species Survival Commission (Comissão para a Sobrevivência das Espécies), Polar Bear Specialist Group - PBSG) (Grupo especializado no Urso Polar), e indica o seguinte:
*lAs mudanças climáticas nas espécies que são sua presa prejudicarão os ursos polares
o aumento de neve pode resultar em menor sucesso em entrar as tocas de nascimento das focas
o a diminuição da neve e aumento nos padrões de chuva das estações pode afetar as crias de focas não proporcionando neve adequada para a construção de tocas para os nascimentos, ou se a chuva cair, fazendo desabar as tocas, reduzindo assim a produtividade das focas;
o as reduções de presas afetarem as condições dos ursos polares e por fim a produção e sobrevivência de filhotes.
* As mudanças que alteram o período de cobertura por gelo podem afetar a distribuição e ter impacto nos ursos polares
o os ursos podem passar mais tempo em terra
o O uso extensivo de áreas terrestres poderia por fim afetar as condições físicas dos ursos quanto forçados a depender de gorduras por eles armazenadas
o a piora das condições físicas pode afetar a produção e a sobrevivência
o dos ursos que usam o gelo da cobertura, que está se deteriorando e podem experimentar custos energéticos maiores associados com seus movimentos e natação
* O período em que permanecem dentro de tocas pode ser afetado pelas conseqüências de períodos quentes não usuais
o o acesso à áreas com alta qualidade para tocas pode ficar limitado ou restrito
o uso de habitat menos desejável para tocas pode ter impactos na reprodução e na sobrevivência
o a chuva ou o aquecimento podem causar diretamente a queda de tocas ou que elas sejam abertas devido a condições ambientais
o perda de propriedades de isolamento térmico em tocas abertas pode afetar a sobrevivência da ninhada
Como exemplo, os pesquisadores do oeste da baía de Hudson têm coletado informações demográficas sobre os ursos polares desde 1981. Nesse período e localização, a ruptura do gelo do mar tem ocorrido mais cedo. A antecipação essa ruptura tem sido relacionada a condição mais pobre dos ursos polares e há uma correlação entre a ruptura antecipada e um padrão de medição da década de aquecimento da temperatura do ar durante a primavera entre 1950 e 1990. Parece que a ruptura antecipada é causada por temperaturas mais altas resultaram em declínio em parâmetros físicos e reprodutivos dos ursos polares nessa região. Este é o único estudo até o momento que demonstra os efeitos das mudanças ambientais resultantes de mudanças climáticas e um efeito correspondente sobre os ursos polares. As mudanças climáticas não são uniformes em todas as áreas do Ártico, entretanto, como a baía de Hudson está localizada na maior parte do território sul do território dos ursos polares, as conclusões sobre ela podem ser um aviso antecipado das mudanças que virão a ocorrer nos próximos anos em outras áreas do Ártico. Claramente, a mudança climática e seu efeito sobre o gelo do mar e sobre os ursos polares deverão ser monitorados de perto nos próximos anos.
Os contaminantes ambientais, sob a forma de poluentes orgânicos persistentes (POPs), constituem mais uma área de grande preocupação para a sobrevivência dos ursos polares. Documentos recentes sobre a linha de base do nível de contaminantes no ambiente circumpolar e nas espécies chaves se expandiram radicalmente o conhecimento da presença regional e dos níveis desses poluentes nos últimos 10 anos. Os ursos polares, sendo os predadores que estão no topo da escala alimentar, tendem a aumentar o acúmulo de compostos de organocloros, e são os candidatos perfeitos para a realização de estudos para avaliações de tendências. Sabemos agora que os ursos polares que habitam certas áreas do Ártico exibem elevados níveis de organocloros, especialmente PCB's (bifelinos policlorados) enquanto que populações que habitam outras áreas possuem níveis inferiores. Experiências de laboratório envolvendo níveis elevados de organocloros foram associadas com uma gama de efeitos que inclui alterações neurológicas, reprodutivas e imunológicas. Estudos estão continuando a avaliar o efeito de poluentes orgânicos persistentes nas funções essenciais à vida dos ursos polares e outros animais marinhos com ênfase na avaliação dos sistemas hormonais e imunológicos.
O envolvimento internacional na conservação do urso polar começou em 1965 quando cientistas do Canadá, Noruega, Dinamarca, União Soviética e dos Estados Unidos, reuniram-se em Fairbanks para discutir a preservação do urso polar devido a preocupação amplamente difundida de que as populações estivessem sendo excessivamente devastadas. Até então muito pouco esforço de manejo dos ursos polares no Ártico e não havia esforço coordenado entre os países do Ártico. As taxas de caça cresciam rapidamente na maioria das áreas exceto na Rússia que havia decretado uma proibição da caça em 1956. O Encontro de Fairbanks resultou na formação do Grupo Especializado no Urso Polar (IUCN/SSC - Polar Bear Specialist Group (PBSG)) cuja missão era coordenar internacionalmente a pesquisa e programas de gestão e a troca de informações sobre os programas de cada um dos países.
Os membros do PBSG e os países que representam desenvolveram e negociaram um Acordo Internacional de Preservação do Urso Polar, que foi assinado em Oslo, Noruega em Maio de 1973. Entre outras condições as partes acordaram através do Artigo VII, em "conduzir programas nacionais de pesquisa sobre ursos polares, especialmente a pesquisa relacionada à preservação e manejo da espécie. Eles deverão, conforme apropriado, coordenar essas pesquisas com as pesquisas realizadas por outras partes, consultar outras partes sobre o manejo de populações de ursos polares em migração, e trocar informações sobre programas de pesquisa e manejo, resultados de pesquisa, e dados obtidos sobre os ursos." O PBSG se reúne a cada três a cinco anos, objetivando avançar nos princípios do Acordo. A reunião mais recente ocorreu em Junho de 2001 em Nuuk, Groenlândia. Os relatórios das reuniões do grupo de trabalho são publicados na série do IUCN.
Os principais tópicos das atividades recentes incluem: conduzir estudos de eco- toxologia para avaliar os efeitos potenciais sobre os sistemas imunológico e hormonal dos ursos polares do complexo da Ilha Svalsbard; esforços contínuos para refinar as fronteiras da população e entender melhor os níveis sustentáveis de caça ou os efeitos da caça nas populações; avaliação de novas técnicas para conduzir levantamentos populacionais aéreos; avaliação do relacionamento entre as condições dos ursos, focas, e do gelo marítimo; estudos genéticos de populações; e pesquisa para avaliação da eficácia da tecnologia de sensores técnicos para detectar tocas de ursos polares abaixo da neve; e
O PBSG do IUCN recentemente desenvolveu um site na internet que pode ser localizada em http://pbsg.npolar.no. Esse site inclui uma rica gama de informações incluindo apresentações do último encontro em Nuuk, Groenlândia, de junho de 2001, situação e tendências populacionais, um resumo dos principais itens que ameaçam os ursos polares (mudança de clima, desenvolvimento, contaminantes e caça), fatos históricos sobre a vida do urso polar, listas de membros e contatos, e uma lista de outros links pertinentes.
Galeria de fotos do Urso Polar
* Por favor, visite a galeria de fotos do urso polar, disponibilizada pelo autor, em http://www.arctic.noaa.gov/gallery_polarbear.html
* Outra galeria de fotos do urso polar é fornecida por Kathy Crane do Escritório de Pesquisas do Ártico NOAA
* Fotos feitas com a web cam e vídeo de ursos polares em: polarbearcam.com
Referências
Biologia Geral e Organizações
Internacional para Pesquisa e Manejo do Urso)
Polar Bears International (antigamente chamada de "Polar Bears Alive")
Estudos geológicos dos EUA (U.S. Geological Survey)
Agência de Serviços dos EUA para Vida Selvagem e Peixes (U.S. Fish and Wildlife Service)
Mudança climática
Intergovernmental Panel on Climate Change (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas)
Arctic Council (International Arctic Science Committee) Conselho do Ártico (Comitê Internacional de Ciência sobre o Ártico)
Bering Sea Impact Assessment - (Avaliação de Impacto sobre o Mar de Bering) Alaska
Barents Sea Impact Study - Norway (Estudo de Impacto amiental no Mar de Barents - Noruega)
United Nations Framework Convention on Climate Change (Convenção das Nações Unidas sobre Estrutura Mudança Climática)
Arctic Monitoring and Assessment Program
Contaminantes
Stockholm Convention on Persistent Organic Pollutants (Convenção de Stocolmo sobre Poluentes orgânicos persistentes)
U.S. Environmental Program Persistent Organic Pollutants (Programa Ambiental dos EUA sobre poluentes orgânicos persistentes)
Canada: Northern Contaminants Program (Programa de Norte para Contaminantes - Canadá).
Autor:
Scott L. Schliebe
Líder do Projeto Urso Polar
U.S. Fish and Wildlife Service/MMM
Anchorage, AK
Veja o link na barra lateral - Links importantes: Agência Nacional para Oceanos e Atmosfera (National Oceanic and Atmosphere Administration)
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